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Sunday, June 29, 2014

DESAPEGAR DE QUEM ÉRAMOS PARA SERMOS QUEM SOMOS

* Por Igor Sant'Anna


Para conviver coletivamente o ser humano aprendeu a criar máscaras sócio-comportamentais. Essas máscaras têm uma função de mediar diferenças até o encontro de um ponto em comum entre partes. 

As máscaras porém têm data de validade. Elas não suportam uma convivência longa e o cotidiano não permite a superficialidade.As máscaras dão um tempo a nós para reencontrarmo-nos nas novas situações.

Antigamente eu achava que as máscaras eram um problema, mas hoje percebo que as máscaras foram criadas como uma solução. O interessante é observar o ser humano e sua incrível capacidade de transformar problemas em soluções e soluções em problemas.

O importante não é se devemos errar ou acertar. O importante é que errar ou acertar são parte do aprendizado fundamental de nós sobre nós mesmos: um fluxo constante.

A cultura escolarizada gera uma intensa confusão de nós com as máscaras. Tornamo-nos rígidos e cheios de opiniões sobre quem somos. Mas se estamos vivos como a natureza essas opiniões deveriam mudar como mudam os ventos, o clima, o tempo: nós somos o tempo...

Se soubermos usar as máscaras com consciência de sua data de validade transformamos elas em instrumentos de auto-conhecimento e de infinitas possibilidades. 

Do contrário sustentamos "cadáveres": sustentamos quem éramos e geramos conflitos internos que se apresentam nos conflitos com os outros.

Mas não é o caso de rejeitarmos as máscaras que surgem, somente observar o seu surgimento espontâneo, vivê-las intensamente, sentir as dores e os prazeres de ser quem somos naquele momento e depois simplesmente desapegar e deixa-las cair. 

O importante é sermos autênticos para nós mesmos e entendermos que sempre somos mas sempre deixamos de ser. 

Precisamos constantemente desapegar de quem éramos para sermos plenamente quem somos.