* Por Igor Sant'Anna
Para conviver coletivamente o ser humano aprendeu a criar máscaras sócio-comportamentais. Essas máscaras têm uma função de mediar diferenças até o encontro de um ponto em comum entre partes.
As máscaras porém têm data de validade. Elas não suportam uma convivência longa e o cotidiano não permite a superficialidade.As máscaras dão um tempo a nós para reencontrarmo-nos nas novas situações.
Antigamente eu achava que as máscaras eram um problema, mas hoje percebo que as máscaras foram criadas como uma solução. O interessante é observar o ser humano e sua incrível capacidade de transformar problemas em soluções e soluções em problemas.
O importante não é se devemos errar ou acertar. O importante é que errar ou acertar são parte do aprendizado fundamental de nós sobre nós mesmos: um fluxo constante.
A cultura escolarizada gera uma intensa confusão de nós com as máscaras. Tornamo-nos rígidos e cheios de opiniões sobre quem somos. Mas se estamos vivos como a natureza essas opiniões deveriam mudar como mudam os ventos, o clima, o tempo: nós somos o tempo...
Se soubermos usar as máscaras com consciência de sua data de validade transformamos elas em instrumentos de auto-conhecimento e de infinitas possibilidades.
Do contrário sustentamos "cadáveres": sustentamos quem éramos e geramos conflitos internos que se apresentam nos conflitos com os outros.
Mas não é o caso de rejeitarmos as máscaras que surgem, somente observar o seu surgimento espontâneo, vivê-las intensamente, sentir as dores e os prazeres de ser quem somos naquele momento e depois simplesmente desapegar e deixa-las cair.
O importante é sermos autênticos para nós mesmos e entendermos que sempre somos mas sempre deixamos de ser.
Precisamos constantemente desapegar de quem éramos para sermos plenamente quem somos.
Precisamos constantemente desapegar de quem éramos para sermos plenamente quem somos.