Aprender a brincar com os filhos é um caminho , uma porta para reconexão com nós mesmos. Nos reconectar com nossas crianças passa por re-aprender a conviver com nós mesmos.
Não existe a possibilidade de fingir que brinca com uma criança. Ou elas sentem nossa presença ou exigem essa presença de nós.
Se as crianças exigem nossa presença , seja com choro , com quedas e acidentes repentinos e sem causa aparente , ou com incansáveis convites para que brinquemos com elas , são sinais que nós estamos em estado de ausência desconectados delas, logo, desconectados de nós mesmos.
Em geral fomos condicionados desde a infância para cumprir expectativas externas.
Passamos horas de nossas vidas infanto-juvenis sendo direcionados a práticas que nunca fizeram sentido para nossas pulsões interiores.
Isso foi gerando vazios repletos de desconexão com a nossa presença primal.
Vazios preenchidos com excesso de trabalho, horas de auto-esquecimento na frente da tv, do computador, do facebook, do watszap, consumo de álcool e outras drogas das mais pesadas às mais refinadas como o açúcar e outros vícios alimentares.
Até aquela prática de esportes, yoga, taichi, artes que poderiam servir de portas de conexão com nós mesmos podem funcionar como rota de fuga e auto-esquecimento
Não adianta buscar uma educação melhor para nossos filhos , colocá-los em escolas em que tenham uma infância mais livre se ao voltar pra casa eles nos encontrarem desconectados, vivendo uma vida montada pelo medo das crenças limitantes da sociedade.
A escola não é nada mais que a escola dentro da escola da vida.
Precisamos ir além de simplesmente tirarmos um tempo diário para brincarmos com nossos filhos.
Não basta abrirmos todos os dias a porta da nossa reconexão se não damos um passo à frente e corremos o risco de atravessar a porta para sempre, de pisar os dois pés no outro paradigma, de sair do meio do caminho e seguir no caminho do meio, o caminho do coração.
Enquanto brincar está separado de viver, ainda é o paradigma da desconexão.
Viver e brincar são lados de uma única realidade: o prazer de estar presente.
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